Brasileiros usam remédios para tirar a fome de forma incorreta, segundo estudo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A conclusão foi feita a partir de um levantamento sobre a venda desses produtos no período de 2009 a 2011 em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal.
Foram usados dados sobre as vendas dos anfetamínicos mazindol, anfepramona e femproporex (proibidos em 2011) e da sibutramina (inibidor de apetite de venda controlada) combinadas ao antidepressivo fluoxetina ou ao ansiolítico clordiazepóxido.
Segundo a agência, o estudo apontou distorções em relação ao uso continuado dessas drogas e à combinação de inibidores de apetite com ansiolíticos e antidepressivos.
O uso combinado é vetada pela Anvisa e pelo Conselho Federal de Medicina.
CONTROVÉRSIA
A pesquisa também mostrou que 79% dos consumidores de remédios para tirar a fome fazem uso contínuo do produto, uma prática controversa.
A Anvisa considera inapropriado tomar os inibidores continuamente, mas os médicos brasileiros têm defendido o uso da sibutramina por tempo indeterminado.
"A obesidade é uma doença crônica, não tem sentido parar de usar um remédio se a resposta do paciente à medicação é boa", diz o endocrinologista Márcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Em relação à combinação de medicamentos, Mancini afirma que usar a sibutramina com antidepressivos ou ansiolíticos não é algo perigoso.
"A norma [proibindo a combinação] é para evitar o uso indiscriminado de fórmulas manipuladas, que fazem várias combinações de remédios, incluindo também laxantes e diuréticos", diz o endocrinologista.
MAIORES VENDAS
Vitória e Belo Horizonte foram as cidades com as maiores taxas de uso combinado de inibidores de apetite e antidepressivos e ansiolíticos.
No entanto, a capital mineira é a que tem o menor número de obesos na região sudeste. A cidade com a maior taxa de obesidade da região é o Rio de Janeiro.
O levantamento da Anvisa também usou dados do Ministério da Saúde sobre hábitos alimentares e apontou que quando aumenta o número de adultos que consomem frutas e hortaliças, as vendas dos remédios caem.
Fonte: Folha de S. Paulo- Equilibrio e Saúde / IARA BIDERMAN
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