Drenagem linfática é eficaz, sim, mas para quem tem problemas de circulação. Se o objetivo é estético, porém, é bom ter em mente que essa massagem, sozinha, não faz milagre. Peso se perde com mudanças na alimentação aliadas a atividades físicas; a drenagem é um coadjuvante nesse processo.
O mito de que drenagem linfática emagrece é baseado no fato de que a massagem, quando bem-feita, diminui a retenção de líquidos em áreas do corpo também propensas ao acúmulo de gordura, como abdômen, nádegas e coxas. "A drenagem reduz medidas, pois ajuda a desinchar o corpo, mas não emagrece. O que se perde é líquido, não gordura", afirma o cirurgião vascular Flávio Duarte, da clínica de cirurgia vascular Myaki (SP).
Como o próprio nome já diz, essa massagem age no sistema linfático, responsável por "limpar" o organismo. Mãos treinadas ou equipamentos específicos estimulam os vasos linfáticos a transportar um líquido transparente --a linfa-- para os rins, eliminando toxinas. Como a drenagem linfática agiliza a filtragem renal, é comum que as pessoas urinem bastante após cada sessão. Pelo mesmo motivo, a massagem ajuda a combater a celulite, que é causada pelo acúmulo de líquido entre as células, formando depressões e saliências.
"Contudo, se a pessoa encerra as sessões de massagem, o líquido volta a se acumular. Daí a importância de o método ser encarado como tratamento complementar aos exercícios e à dieta", afirma a fisioterapeuta Rachel Melle, da clínica Kyron (SP).
Quando malfeita, a massagem pode lesar os vasos e provocar inchaço. "Por não ser exigida capacitação técnica para aplicar a massagem, qualquer pessoa que acha que aprendeu o método com o vizinho pode montar sua clínica", afirma Henrique Jorge Guedes Neto, diretor de linfologia da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. No final deste mês, o especialista fará uma palestra sobre o uso indiscriminado da drenagem linfática com fins estéticos no Congresso Internacional de Estética de Miami (EUA).
Médico no local
Para minimizar os riscos, o dermatologista Valcinir Bedin, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Estética - Regional São Paulo, orienta: "Saiba se o estabelecimento possui fisioterapeutas e um médico responsável, que é obrigatório por lei, e obtenha referências, conversando com quem já fez a massagem naquele local".
Com uma agenda com aproximadamente cem massagens linfáticas por semana, a fisioterapeuta Mônica Yuri Gondo, responsável pela área de estética da clínica Mizuki (SP), diz que a maioria das drenagens é feita com as mãos, não com os aparelhos, que fazem movimentos contínuos e constantes. "A aplicação manual da drenagem é mais procurada, pois possibilita uma maior sensibilidade na aplicação. As clientes gostam do toque da massagem", afirma ela.
Em média, uma hora de aplicação da técnica manual --de R$ 60 a R$ 100-- é cerca de 30% mais cara do que uma sessão com a mesma duração, mas feita com aparelhos.
Existem dois equipamentos utilizados para promover a drenagem linfática. O cliente fica parecendo um astronauta na versão mecânica, conhecida como "pressor" ou "bota", e usa uma espécie de calça com cós alto que infla e desinfla --é o ar que pressiona o corpo. Como o cliente permanece vestido, esse é o método mais procurado por pessoas mais tímidas e por quem acabou de passar por uma cirurgia.
Já no aparelho "endermology", a pessoa veste um macacão de tecido fino, e o profissional faz a massagem usando um equipamento de sucção. "A roupa impede que as bombas de sucção fiquem em contato direto com a pele", diz a esteticista Cristiane Marina dos Santos.
Circulação
Como complemento de tratamentos de saúde, a massagem linfática é indicada para todos os problemas circulatórios, entre eles o linfedema, mas sempre após avaliação médica. Em alguns casos, a drenagem pode ser contra-indicada.
A trombose é um deles. "Existe o risco de o coágulo se deslocar da veia e se instalar no pulmão, por exemplo. Porém, se a trombose estiver em uma fase crônica e o coágulo estiver estabilizado, não há problema", afirma Duarte.
Portadores do vírus HIV e pacientes com câncer também devem pedir autorização aos seus médicos. A massagem pode até ajudar na recuperação.
"Após a cirurgia, mulheres com câncer de mama devem fazer sessões de drenagem, pois, com a retirada da mama, a função dos gânglios linfáticos na axila é interrompida. A estimulação da massagem nesse local é recomendada, porém sempre após a permissão médica", alerta Guedes Neto.
Fonte: ANA PAULA DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo
02/10/2003 - 07h50
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